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Onde o imponente Rio Uruguai nasce (encontro dos Rios Canoas e Pelotas) a jusante esta a Ponte que liga os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, travessia que nesse dia 06 de junho completa 28 anos de sua conclusão. Esta ligação é sinônimo de integração geográfica, cultural, política e turística das regiões do Nordeste Gaúcho e do Planalto Sul Catarinense.
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Passagem de tropeiros – novo traçado:
A descoberta dessa passagem remota ao século XIX quando, de forma clandestina, milhares de cabeças de gado formaram um carreiro de tropas rumo a Sorocaba/SP, caminho denominado de Passo do Pontão. Porém, este traçado original dos tropeiros necessitou ser parcialmente alterado, devido a topografia íngreme do terreno na saída do rio, que poderia encarecer o projeto de asfalto até o acesso à ponte.
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A rodovia e a ponte são de competência Federal com investimentos definidos ainda na década de 70, contudo houve um descompasso na execução das mesmas pela descontinuidade temporal.
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O lado catarinense da BR-470 fora concluída antes do término da ponte e, o lado gaúcho da rodovia após 4 anos da ligação dos Estados, ou seja, inaugurado em 2010 o trecho asfaltado da ponte até Lagoa Vermelha/RS. Enquanto, a região catarinense usufruía de uma logística favorável para ligação com o litoral e portos, o reclame popular do Nordeste do Rio Grande do Sul ganhavam força.
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Movimento Político:
Alicerçado na colonização alemã e italiana, a região conhecida como Campos de Cima da Serra ou Nordeste Gaúcho é vocacionada para o trabalho. Porém, com obras da ponte paralisadas desde 1982 (apenas nos pilares), seus municípios sem ligações asfálticas das rodovias do Estado e ainda a única rodovia federal da região sem perspectiva de investimentos, foi o cenário necessário para líderes empresariais, a população e políticos da região lançar o movimento de anexação à Santa Catarina.
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Surgiu assim a Frente Parlamentar Pró BR-470 e conclusão da Ponte do Barracão/RS. Neste contexto, coube a atuação de Dirceu Carneiro com os demais políticos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
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“Essa ponte teve período longo de construção. Quando estive no Congresso Nacional como Deputado e Senador, observei que havia setores que se opunham a essa ligação. Alguns tinham o conceito de que, concluídas a ponte e a BR-470, poderiam oferecer prejuízos ao Porto de Rio Grande. Mas, venceu a racionalidade e a necessidade desta ligação.”
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Realmente, os gaúchos visualizavam com a ponte importante oportunidade para escoamento da produção agrícola via portos catarinenses, além de que os caminhoneiros usariam a nova rota como alternativa para fugir dos pedágios (BR-285 e BR-116 em Vacaria).
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Vale destacar, que com anúncios de investimentos para implantações de empreendimentos hidrelétricos, especialmente a Usina Machadinho e a Usina Campos Novos, nos leitos do Rio Uruguai e Rio Canoas, de certa maneira auxiliou a pressionar pelo término desse feito de engenharia que estava 70% concluída.
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Para quem acessava a divisa, o trajeto só podia ser feito por balsa e de forma apreensiva, pois caso de vento forte ou intensa chuva inviabilizava a travessia. Ainda visualizar a ponte inacabada desde 1982, tinha-se a concepção que aquele monumento (pilares da ponte) representava a má gestão de obras públicas.
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Assim a urgência de ligar os Estados começava a se intensificar.
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Retomada da obra:
Convencidos que os investimentos ali realizados, dentro de breve período de tempo, fariam com que esse pedaço do país daria um grande passo rumo ao desenvolvimento confirmou-se a vontade política de assim proceder, com anúncios de investimentos na ponte da Integração SC/RS e conclusão de estradas.
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“Quando eu estava encerrando minha atividade no Congresso Nacional, eu me aprecei em conversar com parlamentares e mobilizamos recursos de emendas. E, o Ministério dos Transportes proveu os valores que faltavam”, explica o ex-Senador Dirceu Carneiro sobre o aporte financeiro na obra.
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Essa união de esforços das lideranças gaúchas e catarinenses convenceu o Governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) da necessidade de conclusão da ponte. Coube ao Ministro dos Transportes, Odacir Klein, o anúncio da retomada da obra e, posteriormente, ao também Ministro dos Transportes, saudoso Eliseu Padilha, a ação decisiva pela licitação da BR-470 (Barracão/Lagoa Vermelha). Coincidentemente, ambos ministros gaúchos.
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Com a retomada das obras no âmbito Federal, o Governador Gaúcho, a época Antonio Britto, assumiu o compromisso de asfaltar a RS-343, Sananduva-Cacique Doble-São José do Ouro-Barracão, até o trevo de entroncamento com a BR-470.
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Balsa:
Até a conclusão da ponte, a passagem pelo Rio Uruguai era a nado ou por balsa. Aliás, com este tipo de embarcação foi possível transportar pessoas, veículos e cargas no período de 1981-1996. Ela possuía estrutura metálica, tinha 27 metros de comprimento e capacidade para 90 toneladas.
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O local onde operava a balsa está submerso pelo lago da barragem, funcionava a 1Km acima da atual ponte, entretanto as lembranças deste tempo ainda estão vivas na memória de muitas pessoas.
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Silvana Carla Gradin Pereira, moradora de Barracão/RS, relata as dificuldades para realizar o sonho da formação superior, sem deixar sua cidade e cursar Administração de Empresas na UNOESC de Joaçaba/SC.
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Entre 1987 e 1991 foram várias travessias no Rio Uruguai via balsa e, alguns casos em barco a remo.
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“Confesso que a noite o medo era menor, por que talvez a gente não enxergasse o que acontecia ao nosso redor. Lembro que a gente ouvia bater no casco do barco, os galhos das árvores que desciam pela correnteza. Só tínhamos a coragem e a habilidade do barqueiro. Mas, isso foi importante para nosso crescimento pessoal e conseguimos concluir o curso escolhido,” relata Silvana.
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Com chuvas intensas o rio transbordava (sem condições de passagem) ou quando a balsa era levada pela correnteza aqueles jovens acadêmicos eram obrigados a fazer um trajeto de 250Km (Erechim/Concórdia/Joaçaba). Silvana recorda que em alguns casos pernoitavam nos alojamentos dos trabalhadores da ponte, visto que a obra estava paralisada.
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Ainda há relatos de tragédias ocorridas no trecho de acesso à balsa, que operou até a véspera da conclusão da ponte.
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Inauguração:
Memorável o dia 6 de junho de 1996, quando oficialmente a ponte foi entregue à sociedade.
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Diversas autoridades estiveram presentes de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul (*ver nota abaixo) para contemplar essa magnitude da engenharia e celebrar a integração entre os Estados.
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A solenidade realizada em cima da ponte foi marcada por caminhada, cavalgada, discursos, danças tradicionalistas, e, posteriormente liberada para o tráfego de veículos.
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A título de curiosidade, vale recordar que a desesperança na conclusão da ponte, fez com que alguns acreditassem no boato que a ponte iria cair na sua inauguração. Foi preciso a única rádio da região na época, reproduzir entrevista com a vidente brasileira Mãe Dináh (falecida em 2014), para desmentir.
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Embora tenha chegado atrasado para o evento, o Governador Gaúcho (1995-1999), Antonio Britto, proferiu um discurso contundente, em que após os investimentos do Estado na infraestrutura, conclamou que o desenvolvimento provenha também pelo setor privado e que jamais aquela parte do Rio Grande do Sul seja chamado de “região da fome e da miséria”, que outrora era conhecida.
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Desenvolvimento:
De fato, comprovou-se a importância da Ponte da Integração para as regiões do Nordeste Gaúcho e Planalto Sul Catarinense.
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Nestes 28 anos, diariamente cruzam por ela estudantes ou trabalhadores rumo à Campos Novos, Capinzal e Joaçaba. Outros cruzaram a ponte e fixaram residência nestes Municípios auxiliando a construir suas riquezas.
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Assim como empresas de Santa Catarina, especialmente, ligadas ao agronegócio expandiram atuações com abertura de filiais no Rio Grande do Sul.
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A conclusão da ponte e o asfalto da BR-470 no lado gaúcho transformou em importante corredor de circulação de pessoas e escoamento de cargas das regiões, criando um novo trânsito, como observa o ex-Senador Dirceu Carneiro.
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“Os caminhoneiros gaúchos descobriram esta passagem pela qualidade dela. Levou alguns anos para isso. Mas, hoje é uma das estradas mais movimentadas que liga o Rio Grande do Sul com o Brasil”.
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A barraconense Silvana também manifesta o crescimento do seu Município após a conclusão da ponte.
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“Na minha opinião, Barracão se desenvolveu em todos os sentidos. O trânsito entre SC e RS foi facilitado, diminuindo consideravelmente o trajeto de mercadorias e serviços. Facilitou o acesso a universidades, novas oportunidades de trabalho e também para o comércio”.
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Projeto futuros:
A Ponte da Integração sob Rio Uruguai é uma espécie de cartão postal por ser a porta de entrada ao Estado de Santa Catarina. A travessia tem uma extensão de 600 metros, mais de 80 metros de altura e 13m de largura.
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Há possibilidade de ser um importante ponto turístico interestadual, mas carece de equipamentos e infra-estrutura para ser apreciado por turistas e a população regional.
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Nesse sentido, o grupo de cooperação “Passo do Pontão” capitaneada pela Socióloga Terezinha Fornari Carneiro, e apoio da AMPLASC procura dar identidade para este entorno da ponte com a construção de área náutica com mirante, espaço de memória, restaurante e monumento que remete o reconhecimento histórico dessa travessia do “Passo a Ponte”.
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Texto: Lucas Drum (Jornalista/Locutor)
Assessor de Comunicação AMPLASC (ASCOM AMPLASC)
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Fotos: Arquivo Benito Luiz Zandoná, Arquivo Município de Barracão/RS e Murilo Spirelle Milanez
* Algumas autoridades presentes na inauguração:
– Governador de Santa Catarina, Paulo Afonso Evangelista Vieira;
– Deputado Estadual, Romildo Titon;
– Senador, Dirceu Carneiro;
– Prefeito de Campos Novos/SC, Athos de Almeida Lopes;
– Governador do Rio Grande do Sul, Antonio Britto;
– Prefeito de Barracão/RS, Leopoldo Lopes Pereira;
– Ministro dos Transportes, Odacir Klein;
– Ministro da Justiça, Nelson Jobim;
Curiosidades relatadas pela Administradora e moradora do Barracão/RS – Silvana Gradin Pereira: